Fichamentos de textos de Barthes, Eco e Volli

Mais uma sequência de fichamentos úteis para um estudante (não apenas, mas fundamentalmente) de mídias.

Temo que tais não funcionarão em sua essência, caso não tenha em mãos os mesmos para enventuais consultas de referências feitas, contudo, demonstra-se já como um adianto para quem quer ganho de tempo de leitura. 



BARTHES, Roland. «Introdução» e «Língua/Fala». In: Elementos de Semiologia;
VOLLI, Ugo. «Comunicação». In: Manual de Semiótica. P. 19-28
ECO, Umberto. «O universo do sentido». In: A Estrutura Ausente. P. 21-49


Barthes:
Inicia o texto afirmando que Saussure escreveu sobre a Semiologia, na qual a linguística está incluída como parte e não como um todo. Por isso a Semiologia estuda todo e qualquer sistema de signos.

Hoje com o grande desenvolvimento dos meios de comunicação, a questão da Semiologia está sendo bastante abordada.

A Semiologia progride lentamente, talvez, porque Saussure considerava a linguística apenas como parte da ciência geral dos signos. Há duvidas da existência de outros sistemas de signos além da linguagem humana. Sempre que se aprofunda no estudo sociológico, depara-se novamente com a linguagem.

Alguns objetos só se tornam sistemas de significação quando passam pela linguagem. Como o vestuário e a culinária. Ver p. 12
Essa linguagem não é a mesma da linguística. Elas só significam sob a linguagem e nunca sem ela.

A proposição de Saussure é revirada: ver p. 13.
A semiologia deve ensaiar-se tímida e temerária. Ver p. 13
O objetivo é usar os conceitos da linguística para fundamentar o estudo da semiótica, sem se preocupar se eles irão se modificar no decorrer da pesquisa.

O conceito de língua/fala é centrado em Saussure e sempre é diferente com sua relação à linguística. Ver p. 17

Como instituição o individuo não pode modificá-la sozinho, ele deve submeter-se a aprender se quiser se comunicar.
Como sistema de valores cada elemento é um vale-para. Do ponto de vista da língua, o signo é como uma moeda.

A fonação não pode ser confundida com a língua.
Não há língua sem fala e não há fala fora da língua.
A fala é compreendida no indivíduo, isolada enquanto língua existe apenas na massa falante.
A língua é o produto, o instrumento da fala.

Não há linguística da fala porque a fala já é a língua.
Hjelmslev distingue a língua em três pontos. Ver p. 20-21
Será que se pode entender a língua como um código e a fala com a mensagem?
Podemos questionar isso sobre fala e sintagma?

Questão da língua e pertinência. Ver p. 21 e 22
O idioleto é a linguagem enquanto falada por um só indivíduo. Funciona para a linguagem do afásico, o “estilo” de um escritor e linguagem de uma comunidade linguística. Seria então mais ou menos o conceito de escritura. Ver p. 23 e 24

É na filosofia que se encontra o melhor desenvolvimento do conceito língua/fala. P. 26 e 27
Podemos prever que certas classes de fatos se encaixarão em língua e outros em fala.
Exemplo do vestuário. Ver p. 28 e 29
Exemplo da comida. Ver p. 30
Exemplo do automóvel e do mobiliário. Ver p. 30 e 31

Os sistemas mais interessantes são aqueles que interligam várias substâncias como o cinema, televisão e publicidade.
Na linguagem, não entra na língua nada que não tenha sido ensaiado na fala e fala alguma, que produza sentido, é feita sem que seja possível na língua. Ver p. 32 e 33
A questão do volume e diferenciações da língua dentro da fala. Ver p. 34

Volli:

Comunicar significa passar informação sobre você mesmo, ter um aspecto interpretado por qualquer um que esteja presente. Todas as coisas do mundo tem sentido para nós, esse é um fenômeno fundamental para nossa experiência.

Pressuposto que o mundo nos parece sensato, ou seja, vemos o mundo segundo categorias ou rótulos. Ver exemplos no 3° parágrafo do 1.1
Cada coisa parece vir rotulada segundo sua aparência e contendo uma instrução de uso. Chamaremos de significação essa condição de riqueza de sentido.

No caso da significação, se diferencia da autêntica comunicação por não ter um emissor que nos envie tal mensagem de que o céu esta nublado, por exemplo.
Foi usado o termo comunicação para ambos os casos porque a comunicação autêntica também é caracterizada pela logica da significação e é comum uma coisa, ou pessoa, manipular sua significação para transformar a comunicação.

A recepção é o momento no qual o texto faz sentido para alguém. Aqui se encontra o ponto de partida do processo de interpretação. Admite-se uma comunicação sem um emissor (casos do estudo da natureza, etc.), porém não é possível uma comunicação sem um receptor.
A semiótica mostrou que podem ser construídos simulacros de recepção virtual para cada texto, o que é chamado de leitor-modelo.

Fica claro que o ato da recepção não é uma condição passiva do receptor e sim um processo complexo que envolve análises e etapas. Ver p. 24 – 25

ECO:

A mensagem é diferenciada se o receptor for um ser humano, pois ele poderá interpretar o significado de modo conotativo ou denotativo, enquanto que uma máquina apenas recebe e transmite os sinais que recebe, sem ter um juízo de valor sobre as informações.
Dentro de uma pesquisa semiológica o problema do referente não tem nenhuma pertinência. Ver ponto 1.3 na p. 22

Iremos nos apoiar em uma série de distinções introduzidas pela Linguística de Saussure que parece ser a mais adequada para uma pesquisa semiológica.
O significante é a imagem da forma fônica, enquanto o significado é uma imagem mental da coisa que pode ter relação com outros significantes.

O interpretante é o que garante a validade do signo mesmo na ausência do interprete.
A linguagem seria então um sistema que se esclarece por si só, através de sucessivos sistemas de convenções que se explicam reciprocamente.
Enquanto os significados denotativos são estabelecidos pelo código. Os conotativos são estabelecidos por subcódigos ou “léxicos” específicos. As definições de língua dadas pela linguística estrutural correspondem à noção de código por nos proposta.

A língua é um sistema e tem uma estrutura que permite ser descrita no abstrato e representa um conjunto de relações. Ver exemplo de Saussure sobre o jogo de xadrez na pág. 30
Uma estrutura é um modelo construído segundo certas operações simplificadoras que me permitem unificar fenômenos diferentes com base num único ponto de vista.

É mais conveniente utilizar o estruturalismo metodológico, pois ele basta para prosseguirmos com o discurso.
O código é o modelo de uma serie de convenções comunicacionais que se postula existente como tal, para explicar a possibilidade de comunicação de certas mensagens.

Concluindo: um código é uma estrutura elaborada sob forma de modelo e postulada como regra subjacente a uma serie de mensagens concretas e individuais que a ela se adequam e só em relação a ela se tornam comunicativas. Todo código pode ser comparado com outros códigos mediante a elaboração de um código comum, mais esquelético e abrangente.

Repertorio: lista de símbolos, eventualmente equivalente à relação entre eles e outros significados; código: cria os símbolos dentro de um sistema de regras; léxico: sistema de oposições significativas, mas não pode abarcar as regras de combinação. Ver p. 40
Remetente e destinatário nem sempre comunicam e recebem com base no mesmo código. Ver mais detalhes em p. 42

A mensagem não indica o referente, mas se desenvolve nele. Ex.: quando se diz “porco” não importa que se refira a um animal e sim ao que a sociedade entende com essa expressão.
Resumindo: a circunstância muda a escolha do código, e portanto: muda o sentido da mensagem; muda a função da mensagem; muda a cota informativa. Ou seja, a circunstância entra no universo semiológico, que é um universo de convenções culturais.
A mensagem como forma significante surge como uma forma vazia a que se podem atribuir os mais diferentes significados.

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