Minha primeira postagem de verdade, uma resenha do filme The peaple versus Larry Flynt, que faz relação com a censura do humor que houve nas eleições brasileiras de 2010.
A luta pela liberdade de expressão: da pornografia ao humor
Filmes biográficos de pessoas famosas são bastante comuns em Hollywood, mas isso não impede que os mesmos possam ser engajados, ou simplesmente defender uma ideia através da vida do personagem. Isso acontece em parte no filme “O povo contra Larry Flynt”; em parte porque a vida de Larry Flynt não é vista como exemplo de engajamento, mas suas constantes brigas judiciais pela liberação de sua revista nos leva a pensar sobre a liberdade de imprensa.
Flynt, um típico americano de classe média, é dono de um clube de strip-tease na cidade de Ohio e precisa de algo a mais para chamar a atenção do público. Cria então a revista Hustler para divulgar seu clube, mas percebe que sua revista atingiu um público latente que outras revistas, como a playboy, não atendiam por ser muito elitista.
Por sua proposta libertina em excesso, a revista Hustler é criticada pela sociedade moralista da década de 70/80 e chega a ser processado diversas vezes. Flynt, por sua vez, faz de tudo para gerar polêmica incluindo personagens de literatura infantil e, até, um reverendo cristão bastante conhecido em paródias sexuais no conteúdo da revista.
Chega então ao principal conflito do filme: Flynt (o libertino) contra Jerry Falwel (o ministro de Deus); do lado do pregador do evangelho toda a sociedade cristã conservadora e moralista, do lado de Flynt os principais jornais e canais de TV do país defendendo a liberdade de expressão. Em todos os momentos a defesa de Flynt é a emenda número um da lei americana, que defende a liberdade de expressão. Ao fim de todo o processo a conclusão que chegam é: melhor conviver com conteúdos ruins e pessoas livres do que impor qualquer tipo de censura de conteúdo, mesmo para conteúdos imorais como o da Hustler.
Comparando com o Brasil, na questão de restrição de conteúdo midiático, podemos nos recordar da censura imposta pela lei eleitoral 9.504 de 1997 que foi amplamente questionada pelos programas de humor em nosso país nas eleições de 2010. A Lei Eleitoral 9.504/97 no artigo 45 inciso II proíbe que emissoras de rádio e TV usem “trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação”. Antes das eleições de 2010 não havia caso de repreensão da imprensa em questões humorísticas, mesmo essa lei estando em vigor desde 1997, o que gerou grande movimentação em prol da liberdade de imprensa, principalmente por parte dos humoristas que promoveram uma passeata com esse fim em 22 de Agosto na orla de Copacabana. No dia 28 do mesmo mês uma liminar derrunou parte dessa lei, justamente a restrição ao uso do humor em períodos de campanha eleitoral.
Vemos que a luta pela liberdade de expressão não é uma questão exclusiva dos norte americanos e que esse assunto atinge inúmeras áreas da vida social, seja na política, no caso brasileiro, ou na pornografia retratata no filme “O povo contra Larry Flynt”.
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Apenas seja racional, pense, pense e pense antes de escrever alguma coisa, afinal, esse é um espaço aberto (mas nem tanto) em que outras pessoas vêem o que escrevemos.